O CÉREBRO NA ÓTICA ESPÍRITA
“O corpo perispiritual humano registra os erros cometidos, guardando-os com todas as particularidades vivas dos momentos da queda, e determina o gênero de vida de cada um, no invólucro carnal. Entretanto, ainda que permaneça aparentemente estacionária, a mente prossegue seu caminho, sem recuos, sob a indefectível atuação das forças visíveis ou invisíveis. ”
O princípio espiritual, desde o obscuro momento da criação, caminha sem se deter para a frente. Afastou-se do leito oceânico, atingiu a superfície das águas protetoras, moveu-se em direção à lama das margens, debateu-se no charco, chegou à terra firme, experimentou na floresta material variadas formas representativas, ergueu-se do solo e contemplou o céu.
Depois de longos milênios, durante os quais aprendeu a procriar, alimentar-se, escolher, lembrar e sentir, conquistou a inteligência. Viajou do simples impulso para a irritabilidade, para a sensação, para o instinto e deste para a razão. Nessa penosa romagem, inúmeros milênios se passaram no tempo.
Estamos em todas as épocas, abandonando esferas inferiores, a fim de escalar as superiores. O cérebro é o órgão sagrado da manifestação da mente, em trânsito da animalidade primitiva para a Espiritualidade humana. Em síntese, o homem das últimas centenas de séculos, representa a humanidade vitoriosa, emergindo da bestialidade primária.
Os desencarnados, em número de bilhões de Espíritos ainda pesados.
Desta condição participamos nós, os desencarnados, em número de bilhões de Espíritos ainda pesados, por não havermos, até o momento, desembaraçado todo o conteúdo de qualidades inferiores de nossa organização perispiritual; tal circunstância nos compele a viver, após a morte física, em formações afins, em sociedades realmente avançadas, mas semelhantes aos agrupamentos terrestres. Oscilamos entre a liberação e a reencarnação, aperfeiçoando-nos, burilando-nos, progredindo, até conseguir, pelo refinamento próprio, acesso a expressões sublimes da Vida Superior, que ainda não nos é dado compreender.
Nos dois lados da existência, em que nos movimentamos e dentro dos quais se encontram se encontram o nascimento e a morte do corpo denso, como portas de acesso, o trabalho construtivo é a nossa bênção, aparelhando-nos para o futuro divino. A atividade, na esfera que ocupamos, é, para quantos se conservam quites com a Lei, mais rica de amor e de felicidade, pois a matéria é mais rarefeita a mais obediente às nossas solicitações de índole superior. Atravessando, contudo, o rio do renascimento, somos surpreendidos pelo duro trabalho de recapitulação para a necessária aprendizagem.
Por lá semearemos para colher, aqui, aprimorando, reajustando e embelezando, até atingir a colheita perfeita, o celeiro farto de grãos sublimes, de modo a nos transferirmos, aptos e vitoriosos, para outras “terras do céu”. Não devemos acreditar, porém, quanto aos serviços de resgate e de expiação, que a esfera carnal seja a única, capaz de oferecer o bendito ensejo de sofrimento áspero e redentor.
Em regiões sombrias, fora dela, como não podes ignorar, há oportunidade de tratamento expiatório
para os devedores mais infelizes, que voluntariamente contraíram perigosos débitos para com a Lei. Perguntas por que motivo o homem encarnado não conserva a plenitude de suas recordações do longuíssimo pretérito; isso é natural, em virtude da tão grande ascendência do corpo perispiritual sobre o mecanismo fisiológico. Se a forma física evoluiu e se aperfeiçoou, o mesmo terá acontecido ao organismo perispiritual, através das idades.
Nós mesmos, em nossa relativa condição da espiritualidade, ainda não possuímos o processo de reminiscência integral dos caminhos percorridos. Não estamos, por enquanto, munidos de suficiente luz para descer com proveito a todos os ângulos do abismo das origens; tal faculdade, só mais tarde a adquiriremos quando a alma estiver livre de todo e qualquer resquício de sombra.
Comparando, entretanto, a nossa situação com os estados menos lúcidos de nossos irmãos encarnados, é preciso não esquecer que os nervos, o cortex-motor e os lobos frontais, que ora examinamos, constituem apenas regulares pontos de contato entre a organização perispiritual e o aparelho físico, indispensáveis, uma e outro, ao trabalho de enriquecimento e de crescimento do ser eterno. Em linguagem mais simples, são os respiradouros dos impulsos, experiências e noções elevadas da personalidade real que não se extingue no túmulo, e que não suportaria a carga de dupla vida.
Em razão disto, e atendendo aos deveres impostos à consciência de vigília
para os serviços
de cada dia, desempenham função amortecedora: são quebra-luzes, atuando beneficamente
para que a alma encarnada trabalhe e aprenda. Além disso, nascimento e morte, na esfera carnal,
para a generalidade das criaturas são choques biológicos, imprescindíveis à renovação. Em
verdade, não há total esquecimento na Crosta Terrestre, nem restauração imediata da memória
nas oficinas da existência, que seguem, de modo natural no campo da atividade física. Todos os
homens conservam tendências e faculdades, que quase equivalem a efetiva lembrança do
passado; e nem todos, ao atravessarem o sepulcro, podem readquirir, repentinamente, o
patrimônio de suas reminiscências.
Quem permanece muito na matéria, demorando-se em baixo padrão vibratório no campo
físico, não pode reacender, de pronto, a luz da memória. Despenderá tempo para se desfazer dos
pesados envoltórios a que inadvertidamente se prendeu. Dentro da luta humana, também, é indispensável que os neurônios se transformem em luvas, mais ou menos espessas, a fim de que o fluxo das recordações não modere o esforço edificante da alma encarnada, empenhada em
nobres objetivos de redenção e resgate, no aprimoramento de seu ministério divino. É necessário reconhecer, porém, que a nossa mente aqui age no organismo perispiritual, com poderes muito mais extensos, em razão da singular natureza e elasticidade da matéria que presentemente define nossa forma.
Isto, contudo, em nosso círculo de ação, não nos evita das manifestações grosseiras, as
quedas lastimáveis, as doenças complexas, porque a mente, o senhor do corpo, mesmo aqui, é
acessível ao vício, ao relaxamento e às paixões arruinantes. A demora excessiva num desses planos, com as ações que lhe são consequentes, determina do cosmo individual. A criatura estacionada na região dos impulsos perde-se num labirinto de causas e efeitos, desperdiçando
tempo e energia; quem se entrega, de modo absoluto, ao esforço maquinal, sem consulta ao passado e sem organização de bases para o futuro, mecaniza a existência (como atualmente
ocorre) destituindo-a de luzes edificantes; os que se refugiam exclusivamente no templo das
noções superiores sofrem o perigo da contemplação sem obras, da meditação sem trabalho, da renúncia sem proveito.
Para que nossa mente prossiga na direção do alto
é indispensável que se equilibre,
valendo-se das conquistas passadas, para orientar os serviços presentes, e amparando-se, ao
mesmo tempo, na esperança que frui, cristalina e bela, da fonte superior do idealismo elevado;
através dessa fonte a criatura pode captar do plano divino as energias restauradoras, assim
construindo o futuro santificante. E como nos encontramos indissoluvelmente ligados aos que
se afinam conosco, em obediência a indefectíveis desígnios universais, quando nos
desequilibramos, pelo excesso de fixação mental, num dos mencionados setores, entramos em
contato com as inteligências encarnadas ou desencarnadas em condições análogas às nossas.
– Temos aqui dois amigos de mente fixada na região dos instintos primários. O encarnado,
depois de reiteradas vibrações no campo do pensamento, em fuga da recordação e do remorso,
arruinou os centros motores, desorganizando também o sistema endócrino e perturbando os
órgãos vitais. O desencarnado converteu todas as energias em alimento da ideia de vingança,
acolhendo-se ao ódio em que se mantém foragido da razão e do altruísmo. Outra seria a situação de ambos se houvessem esquecido a queda, reerguendo-se pelo trabalho construtivo e pelo entendimento fraternal, no santuário do perdão legítimo.
Segundo verificamos, Jesus tinha redobradas razões recomendando-nos o amor aos
inimigos e a oração pelos que nos perseguem e caluniam. Não é isto mera virtude, mas princípio científico de libertação do ser, de progresso da alma, de amplitude espiritual: no pensamento
residem as causas. Época virá, em que o amor, a fraternidade e a compreensão, definindo
estados do espírito, serão tão importantes para a mente encarnada quanto o pão, a água, o remédio; é questão de tempo. Lícito é esperar sempre o bem, com o otimismo divino. A mente
humana, de maneira geral, ascende para o conhecimento superior, apesar de, por vezes, parecer o contrário.
Permaneceu Calderaro longos minutos em vigorosas irradiações magnéticas
Em seguida, permaneceu Calderaro longos minutos em vigorosas irradiações magnéticas,
que, envolvendo a cabeça e a espinha dorsal do enfermo parecendo fortemente repousantes,
porque em breve o doente, antes torturado, se abandonava a sono tranquilo, como se sorvera
suavíssimo anestésico. Dentro em pouco se encontrava em nosso círculo, temporariamente
afastado do veículo denso, tomado de pavor perante o verdugo implacável, que se mantinha
sentado, impassível, num dos ângulos do leito.
– E porque não tentarmos o esclarecimento verbal, agora, a estes nossos amigos? –
Porque, se o conhecimento auxilia por fora, só o amor socorre por dentro – acrescentou o
instrutor tranquilamente. Nesse momento, alguém assomou à porta de entrada. Curvei-me,
comovido e respeitoso. Calderaro tocou-me o ombro de leve, e murmurou-me ao ouvido: – É a
irmã Cipriana, a portadora do divino amor fraternal, que ainda não adquirimos.
Créditos e Fonte:
Benni_Ha_Ha
https://pixabay.com/pt/illustrations/colorido-chacra-lsd-espiritualidade-2556353/
1º Fonte: NO MUNDO MAIOR, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier,
11ª. Edição FEB, pgs. 49 a 65; textos escolhidos e simplificados por Gastão Crivelini e digitados
por Bernadete Bin Crivelini. Distribuição gratuita. Balneário Camboriú/SC, 9 de janeiro de 2015.
Livros Indicados



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